Nesses últimos anos, a análise de dados tem exercido um papel transformador nas investigações criminais, redefinindo como os investigadores enfrentam e resolvem crimes complexos.
Recentemente, participei de uma operação que envolveu o cumprimento de vários mandados de busca e apreensão no combate a fraudes em licitação e fiquei pensando nisso. Principalmente em relação a uma atividade que necessariamente produzirá dados, agora qualquer irregularidade pode ficar mais patente, se os dados de diversas fontes relacionadas à publicidade dos atos públicos forem esmiuçadas por um bom analista.
Em uma era onde cada ação digital e física deixa um rastro de informações, a capacidade de processar e interpretar grandes volumes de dados tornou-se essencial para a segurança pública. E é por isso que a análise de dados está revolucionando as investigações criminais, com diversas soluções sendo produzidas dentro da própria polícia por programadores e analistas fora da curva.
Esta operação que citei foi apenas uma das muitas grandes operações em que participei no último ano. Em diversas dessas operações, encontrei até mesmo policiais para quem lecionei no último curso de formação, os quais tem exercido papéis relevantes para o sucesso dessas investigações, agindo de forma central da análise de dados.
Essa era de rastros digitais pra todo lado também pode ser chamada de era da “computação onipresente” ou era do “capitalismo de vigilância,” onde cada ação produz um grande volume de dados, cuja análise permite que mesmo equipes pequenas desbaratem esquemas criminosos complexos em tempo recorde.
Com a ajuda de softwares e algoritmos de aprendizado de máquina, os investigadores podem identificar padrões, conexões e comportamentos que antes passariam despercebidos. O policial civil e federal hoje é, antes de tudo, um analista. E muitos deles têm investido do próprio bolso para se especializarem. E com a facilidade de difusão de conhecimento proporcionada pelas tecnologias de comunicação disponíveis, as metodologias de investigação campeãs se espalham pelo país como rastilho de pólvora.